quarta-feira, 20 de maio de 2009

Paulo Rangel e a nova teoria da representação política



Qual é a primeira medida que Paulo Rangel vai apresentar em Bruxelas? Disse o próprio ao Sol desta semana: «repartir o número de municípios em função dos deputados eleitos, para que cada um fique com uma região, para assegurar a ligação directa com o território nacional. Os eurodeputados representam bem o interesse nacional em Bruxelas, mas o retorno nalguns casos não é evidente». É, para mim, uma proposta inintelegível. De que lógica de representação política fala Rangel? De uma nova teoria que casa o modelo de delegação com o modelo fiduciário, aplicando o primeiro às fronteiras de uma região nacional e o segundo à defesa dos interesses nacionais na Europa. Esquisito. Muito esquisito. Não compreendo como é possível casar dois modelos incompatíveis. Estará Rangel a falar do modelo político da representação, em que os políticos adaptam a ideia de representação consoante o desejo de conquista do voto? Estou mais certo disto. E com que critérios fará Rangel a divisão das regiões? Será que o modelo só se aplica aos deputados eleitos pelo PSD? Como assegurarão eles a ligação pretendida com o território nacional? Como se avalia o retorno da acção dos eurodeputados?
Talvez Rangel se esqueça que nas eleições europeias elegemos eurodeputados e não deputados de uma qualquer região do país para nos representar em Bruxelas. Talvez Rangel se esqueça que à representação política não convém a fracção. Convém o todo e não para a parte. Talvez Rangel se esqueça que propostas desta natureza não basta fazê-las. É preciso explicá-las. Talvez, por isso, se tenha recusado a explicar aos eleitores o Tratado de Lisboa. Seria demasiado maçador. Não daria votos como poderá dar uma proposta revolucionária de uma nova teoria da representação política. É por estas e por outras que "não assino por baixo".

2 comentários:

  1. Creio que Paulo Rangel pretende apenas assumir o modelo de delegação durante a campanha eleitoral. Aqui estará dependente das tais instruções dos eleitores. Depois das eleições logo se assume o modelo fiduciário... Neste caso o casamento já será mais compatível.

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  2. António Rodrigues diz...

    Caro Professor Meirinho

    Poderemos dizer que essa proposta é uma não proposta, ou seja, os Eurodeputados tem por obrigação defender o interesse nacional em Bruxelas, no seu todo.

    Ou seja, se o Rangel diz que vai «repartir o número de municípios em função dos deputados eleitos, para que cada um fique com uma região, para assegurar a ligação directa com o território nacional", Eu também quero que faça o mesmo às associações culturais e recreativas, às associações Juvenis, às universidades, às escolas secundárias, etc etc etc. ISSO NÂO È UMA PROPOSTA, É UMA FUNÇÃO, UMA OBRIGAÇÃO, UM IMPERATIVO CATEGÓRICO DE QUALQUER EURODEPUTADO.

    Segue-se uma segunda proposta, também ela interessante: ERASMUS PARA O 1º EMPREGO. Um pequeno lapso memória do candidato, tal situação já existe, e não é o INOVJOVEM, é um programa europeu,é o portal europeu para a mobilidade profissional: http://ec.europa.eu/eures/home.jsp?lang=pt

    E depois querer comparar, o Erasmus académico, a um Erasmus Emprego, parece-me que estamos a misturar alhos com Bugalhos, digo eu que não percebo nada de política.

    Uma terceira proposta, diz: COMBATER A CRISE COM OS FUNDOS EUROPEUS.
    Aqui ainda fico mais baralhado, mas eu não percebo nada de política. Andamos há não sei quantos anos a receber fortunas de fundos europeus, e andamos aos mesmos anos em crise, confuso, mas é a verdade.

    Mas eu sempre achei que as crises se combatiam com trabalho, dedicação, produtividade, profissionalismo,etc etc e assim criar condições para o desenvolviemnto da economia e do país. Isto acho que foi o que me ensinaram na faculdade, será que os meus professores me enganaram? tenho a certeza que não.

    Quanto ao "assino por baixo" apenas uma reflexão. E as pessoas que não sabem escrever, que infelizmente há muitas em Portugal, como é que manifestam esse apoio????

    António Rodrigues

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