Já escrevi, há uns dias, sobre as intermitências da nossa democracia em http://homocivicus.blogspot.com/2009/04/elefantes-bebidas-energeticas-e-sms.html. Volto hoje a tema paralelo, a propósito do recente debate que se gerou sobre os resultados da sondagem da Eurosondagem sobre a relação dos portugueses com a sua democracia e com os seus partidos. Uns dias antes, a Visão deu conta dos resultados do projecto "Portugal de Todos" entregando às entidades oficiais da nação a síntese das sugestões dos cidadãos. Em comum, os dois acontecimentos, revelam que os cidadãos estão descontentes com a sua democracia, não se revêem nos partidos, querem candidatos independentes ao parlamento, etc., etc. Numa síntese, a nossa democracia está doente e verte lágrimas para que a curem.
Quais foram os efeitos da divulgação destes factos?. O esperado. Uma espécie de surpresa colectiva perante as evidências. Debates sobre a qualidade da democracia, prosas e mais prosas com remédios diversos para as ditas maleitas, noticias a registar para a História que os partidos estão "no fundo 35 anos depois". O país foi surpreendido. É preciso agir rapidamente sob pena de abalo císmico grave, defenderam alguns.
Ora, não disto é surpresa. Desde há muitas décadas que os académicos têm investigado os caminhos na nossa democracia. Sabe-se, desde há muito, o que se passa com a relação dos cidadãos portugueses com o seu regime, as suas instituições e os seus actores. Sabe-se, desde há muito, o que se passa ao nível das atitudes e comportamentos eleitorais; ao nível das práticas participativas; ao nível das forças e fraquezas da sociedade civil. Sabe-se, desde há muito, das insuficiências do nosso sistema eleitoral em matéria de qualidade da representação. Sabe-se, desde há muito, muito mais sobre as limitações, insuficiências e excrescências da democracia portuguesa. E também sabemos que o que se soube e se sabe (cientificamente) fraca ou nula utilidade teve.
O que há de novo nas reacções aos dados que referimos acima? Nada. As mesmas lágrimas de sempre, a mesma surpresa sobre os factos. Não deixa de ser fascinante a recorrente surpresa que assalta os homens sempre que se repete o que já sabemos, o que já concluímos, o que já vimos.
E que acrescenta este texto? ZERO. Além de exagerar a doença, nenhuma cura, nenhuma solução, só pessimismo palerma.. para isto mais valia estar calado. Isto sim é o tipo de coisa que desvaloriza e mina a nossa democracia.
ResponderEliminarTeste de envio
ResponderEliminarAo "senhor anónimo" supra...se ler este comentário.
ResponderEliminarO senhor deve à civilidade tudo aquilo que ela lhe pode ensinar. Quem será ele "anónimo"? Grande curandeiro? Grande solucionador? Grande e único representante dos não-palermas? Grande juíz dos que podem falar e dos que não podem? Que juíz será? Será o juíz supremo com saber tal para discernir, só ele, o que desvaloriza e mina a "nossa" democracia? Em que democracia vive tal juíz para fazer comentários como este. Será a "democracia dos anónimos" onde todos são bons sábios que rejeitam a sua própria existência? De onde lhe vem a ciência, a proficiência e a autoridade para mandar calar os outros?
Se ao seu espelho se visse veria que vive na pior das democracias. A "democracia dos anónimos". Nem os piores deuses se lembrariam de um comentário destes. E é por conselho dos bons deuses que me obriga a bloquear os comentários (i.e.a ter que os aprovar ou rejeitar antes de serem publicados) no meu blogue. Eis um acto que não tinha equacionado, por pensar que a "nossa" democracia já não continha destes democratas.
Receba um abraço de um homem não anónimo.
anónimo não anónimo
ResponderEliminarProfessor Meirinho
ResponderEliminarTendo em consideração que tenho comentado, e com todo o gosto, o seu blog como anónimo, tendo em consideração o incidente que ocorreu, quero apena dizer, que, nada tenho a ver com o personagem em questão.
Espero continuar a comentar o seu blog e a ter resposta, sua, aos meus comentários. Até agora, tem sido uma experiencia enriquecedora.
António Rodrigues
http://oblase.blogs.sapo.pt
Caro António Rodrigues
ResponderEliminarAgradeço o seu interesse em seguir o blogue. É destes democratas que a democracia precisa. Força. Vamos interagindo. Tenho sempre muito gosto em interagir com pessoas que procurem debater ideias com civilidade.
Um abraço
MM