O debate (se merecer o título...) de ontem no Prós e Contras, com os candidatos de cinco partidos, sobre as eleições para o Parlamento Europeu confirmou que a tese de Reif e Schmitt sobre as eleições de segunda ordem (cf. "Nine second-order national elections: a conceptual framework for the analysis of European elections results, European Journal of Political Research, 8, 1980) é de difícil confirmação.
Quem resistiu até ao fim teve, certamente, oportunidade de constatar que o debate sobre o anunciado tema não existiu. Foi, como previsto na teoria e já amplamente confirmado na prática, um exemplo de canibalização pelos temas de política nacional, onde se incluiu a também esperada chuva de ironias sobre mecanismos e processos de recrutamento político, não faltando a presença do eterno tribunal que facilmente encontra culpados pelas muitas desgraças em que nos encontramos.
De Europa pouco ou nada. De Parlamento Europeu pouco ou nada. De temas verdadeiramente ligados à "pátria europeu" nada. O debate, com o seu cenário, os seus autores e os seus actores, configurou um autêntico "parlamento dos murmúrios" (na expressão de Adrinano Moreira). A era televisiva até pode favorecer (ou não) quem fala mais alto; quem mais interrompe; quem melhores cartazes anúncia; quem mais seguidores arregimenta para que as palmas se batam. Que mais queremos? Os principais candidatos já estão eleitos. Os eleitores (os 24% ou 30% previstos) votarão. No dia das eleições carpiremos o afastamento dos cidadãos na "nossa Europa".
As eleições para o Parlamento Europeu morreram. Vivam as eleições nacionais.
Exactamente!
ResponderEliminarHavia quem metesse a palavra "europeia" no meio da suas frases, para disfarçar essa fuga, mas praticamente não se falou de Europa. Salvo erro, houve 15mins em que a palavra Europa nem foi pronunciada.