Era esperado. Cavaco. Crise. Competição eleitoral. Os três temas que dominariam uma das mais aguardadas entrevistas de José Sócrates (hoje na RTP). Assim foi, considerando que a parte relativa ao "caso Freeport" se integra na competição eleitoral. Quanto aos dois últimos temas nada de novo. Discurso de justificação face à crise a que tardou em dar nome. Discurso de vitimização perante o espinhoso calvário (que visivelmente carrega) do caso Freeport. Juntou ao calvário a subscrição pública de uma das famosas leis da propaganda - a "lei do inimigo único" - ao soletrar bem o "nome da besta" que às sextas-feiras lhe tira o sono: a TVI. Até aqui nada de novo.
A essência da entrevista ficou marcada por uma espécie de revisitação da tese do apaziguamento ideológico ajustada à marca da "cooperação estratégica". Sócrates , em ambiente de competição eleitoral (terreno propício a excessos verbais) insurgiu-se contra a "politica do recado". O país correu a encomendar a toda a espécie de especialistas em descodificação de significados (onde me incluí) que dessem nome ao destinatário da mensagem. Por unanimidade quase todos (encontrei um descodificador compreensivelmente dissonate: José M. Júdice) lhe chamaram Cavaco Silva.
Já em seu recato (ele os seus "bons" assessores) deve ter-se dado conta dos efeitos que teria uma confrontação com o Presidente da República em início de um quadrúplo ciclo eleitoral. Preparou-se bem. Muito bem. E explicou. Não se referira ao Presidente. Dirigira-se à oposição. Essa sim que lhe faz a vida num inferno por meio de recados. Com o Presidente está tudo bem. E assim será até que os resultados das três eleições vizinhas se saibam.
Eis a essência de uma entrevista e das voltas que um recado dá.
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